quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

**LINDO DIA 28/10/2011...é o que te desejo, a minha maneira


- Oh vida, oh azar – diz choramingando a Princesa Menina.

- Sente pena de si? Saiba por que isto é perigoso – diz a Rainha Menina.

- Estou com pena sim. Tanta coisa ruim acontecendo que só posso ficar com pena de mim mesma.

- Quase todos nós caímos, por vezes, na armadilha da auto piedade. Mas algumas pessoas não conseguem se libertar dela. Aqueles que ficam com pena de si mesmos são facilmente reconhecíveis.

- E eu sou uma delas? Como pode saber?

- Filha, você conta, com riqueza de detalhes, episódios tristes e dolorosos de sua vida, guardados como se fossem recordações dignas de um álbum.

- Faço isso mesmo? Não havia me dado conta!

- O que dá pena não são as situações sofridas - porque sofrimentos todos nós vivemos - mas a dificuldade que está apresentando em superar os traumas ocorridos e deixá-los no passado. É lamentável que se disponha a viver colecionando dores, sofrimentos e  principalmente,  rancores e amarguras. Estas lembranças só servem para aumentar o peso da sua existência. Seria muito melhor fazer um esforço para virar a página e deixar o passado se desfazer na poeira do tempo.

- É verdade minha Rainha. A vida é difícil para todos nós. Saber disto nos ajuda porque nos poupa da auto piedade. Ter pena de si mesmo é uma viagem que não leva a lugar nenhum. Justificar a auto piedade toma um tempo enorme na construção de argumentos e motivos para nos entristecermos com uma coisa absolutamente natural: nossas dificuldades.

- Isso mesmo Menina. Não vale a pena perder tempo se queixando dos obstáculos que têm de ser superados para sobreviver e para crescer.  É melhor ter pena dos outros e tentar ajudar os que estão próximos e precisam de uma mão amiga, de um sorriso de encorajamento e de um abraço de conforto. E usar sempre nossas melhores qualidades para resolver problemas, que são as capacidades de amar, de tolerar e de rir.

Walkyria Garcia

**LINDO DIA 26/10/2011... é o que te desejo, a minha maneira


- Então Rainha Menina, arrepende-se de muitos atos seus do passado?

- Não Príncipe Menino. Se existe arrependimento é por tudo o que deixei de fazer, não do que fiz.

- Isso quer dizer que acredita ter acertado sempre?

- Não criança.  Quando olho para trás, percebo que fiz muitas bobagens. Acertei bastante, mas também errei bastante. Quando olho para diante, tenho certeza de que vou acertar e errar bastante também. É impossível acertar sempre. Mas o importante é que não gastemos nosso tempo nem nossa energia nos torturando. A autocrítica pelo que não deu certo, se é recorrente, é nociva para a saúde.

- Quer dizer que não devemos nos espelhar nos atos passados?

- Devemos sim criança. Devemos aprender, depois descartar. Um dia destes, um dos meus Príncipes me perguntou por que eu tomei determinada decisão estúpida tempos atrás. Respondi que me arrependia do que tinha feito, mas expliquei que, naquele momento, minha atitude me parecia lógica. Se eu tivesse o conhecimento e a maturidade de hoje, certamente a decisão seria diferente.

- Bom, erros passados servem de aprendizado. Concordo que não devam ser motivos de remorsos.

- Por isso é que lhe digo: não se torture por algo que não deu certo no passado. Não importa o que você fez, não se torture. Apenas perceba o que é possível fazer para consertar essa situação e faça.
Se você sente culpa, perdoe-se. E, principalmente, compreenda que agiu assim porque, na ocasião, era o que achava melhor fazer.
E siga sua vida!

Walkyria Garcia

**LINDO DIA 25/10/2011... é o que te desejo, a minha maneira


- Agora é tudo ou nada! – diz o Príncipe Menino.

- Nossa criança. Mais que coisa boa! – retruca a Rainha Menina.

- Pois é minha Rainha. Cansei da mesmice. Vou reformular.

- Está certo Menino. Se está infeliz, é hora de fazer tua transmutação. Fico feliz que tenha finalmente chegado ao ponto de tudo ou nada, pois quer dizer que esta matando vidas envelhecidas e enrijecidas dentro de você e renascendo para novos tempos.

- Sim Rainha. Tudo ou nada é quando decido minha viva. Quando realmente me transformo, não restando dúvidas do momento desse estado em que tudo para a valer a pena, em que nada pode mais me parar e, até mesmo a certeza do sofrimento me faria retornar.

- O tudo ou nada é uma transformação. E, como toda transformação ela sempre dói. As águias se descascam, tiram as próprias penas. As cobras trocam de pele e, nós, seres humanos, vamos substituindo as nossas cascas finas psicológicas, engrossando a casca das nossas couraças antidores e vamos crescendo. Mas os grandes seres humanos são aqueles que permanecem no seguinte estágio da evolução: devemos endurecer, mas sem perder jamais a ternura. Cascas grossas sim, mas sensibilidades tenras e finas, cada vez mais. – diz a Rainha.

E continua:

- Tudo ou nada: esse é o seu já, o seu daqui a pouco, mas jamais - por medo ou covardia - uma impossibilidade para viver todas as vidas que vivem dentro da sua vida.

**LINDO DIA 21/10/2011... é o que te desejo, a minha maneira


- Gostaria muito de viver em Paz – diz o Príncipe Menino.

- E teu viver não é pautado por este sentimento? – questiona a Princesa Menina.

- Não mesmo.

- Mas que coisa. A aparência é de um relacionamento harmonioso. Um ambiente familiar tranqüilo.

- Pois é Menina. Aquilo que é chamado de Paz trata-se mais de um acordo não verbal em que fingimos algo que não é real.

- Nossa! Nunca sequer imaginei que houvesse uma falsa Paz.

- Sabe, muitas vezes para obter Paz, concordo em dar em troca algo de vital importância para mim. Pago um alto preço para obter a tão sonhada 'paz', sem nem mesmo me dar conta disso. Para obter esse tipo de paz, acabo abrindo mão da minha verdade, da minha voz, da minha criatividade, do meu verdadeiro Eu.

- Tudo fingimento então.

- Sim, é uma falsa Paz. A falsa paz acontece quando negamos a nós mesmos e concordamos com o outro apenas para evitar conflitos. Acontece quando nos acovardamos e evitamos olhar para a realidade, quando preferimos brincar em meio às ilusões, nossas ou de outros. A falsa paz acontece quando deixamos de ser quem somos, quando deixamos de dizer o que pensamos e de agir segundo o que acreditamos. Fingimos que concordamos, afinal, 'para que discordar'? Fingimos que gostamos, afinal, 'para que frustrar o outro'? Fingimos que sabemos, afinal, 'que diferença faz'?

- Entendo. São como máscaras que vamos sobrepondo.

-  O problema é que, ao assumir essas máscaras deixamos de ser quem somos, traímos a nós mesmos, deixamos de revelar a nossa verdade, deixamos de presentear o mundo com aquilo que é único em cada um de nós. Além disso, acredite, a coisa toda não funciona. Nunca seremos de fato felizes se estivermos baseando a felicidade em uma falsa paz. Acabamos nos tornando ausentes e artificiais, e por mais que nos esforcemos, o outro acabará pressentindo essa falta de verdade, e acabará se afastando de nós. É fácil encontrar exemplos da 'falsa paz'. Pense naqueles relacionamentos em que tudo parece sempre calmo e equilibrado, mas onde não há crescimento, não há vida. É como uma poça de água parada. Perfeitamente parada, a ponto de começar a apodrecer, pois tudo o que fica estagnado acaba morrendo um dia.
A vida é aquilo que flui ininterruptamente.
Paz não é ausência de movimento, não é imobilidade, muito menos perfeição.

- É verdade. Tudo o que é falso não resiste do Tempo.
Nem mesmo a Paz.

**HORA DA POESIA - Reginaldo Honório da Silva - Saudade em Preto e Branco

 
SAUDADE EM PRETO E BRANCO
Reginaldo Honório da Silva
 
 
Não pergunte ao meu coração porque choro
Antes pergunte aos meus olhos porque te olham
O pranto do meu coração retrata em preto e branco
A saudades tatuada na menina dos meus olhos
Que sádicos e submissos às mazelas do amor
Trocam as lágrimas por  lembranças de nós dois.
 
Rio Claro, 28 de setembro de 2011, às 10h00min.