PORQUE VOLTEI?
© Reginaldo Honório da Silva
O Poeta da Estrada
Porque voltei?
Porque sumi sem deixar vestígios
Apaguei as lamparinas do tempo
E me vesti de preto
Pus os ósculos escuros
E o capuz da cor da noite
E as zero hora mergulhei no riacho
E rio abaixo, rolei nas águas
E rio abaixo, ralei nas pedras
E me prendi na rede do pescador
Quando o dia amanheceu
Me vesti de branco
Me despi dos óculos
E pus o capuz da cor da lua
Ao meio dia mergulhei no mar
Me batizei no sal
Me fez isca de peixes assassinos
Mas o mar me cuspiu na areia
Malogrado me despi da fuga
Pus o chinelo dedo
Um calção de pano cru
Feito em tear de antigamente
Entrei no primeiro boteco
Que minhas vistas miraram
E contei à poesia de um copo
O amargo gosto de um trago
E voltei sem deixar vestígios
Da minha estada por onde não sei
Porque voltei?
Porque o rio me ralou nas pedras
E me prendeu na rede
E o mar e seus peixes assassinos
Não me quiseram em seu reino.
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