- Valha-me Deus, quanta culpa – diz a Princesa Menina.
- Esta se sentindo culpada?
- Sempre estou Rainha. Vou até a igreja, ouço o sermão, e venho para casa imersa no sentimento de culpa.
- Sabe criança, sentir-se culpado é um fenômeno freqüente, comum em nossa cultura. Qualquer pessoa pode ter sentimentos de culpa por tudo o que faz e pelo que deixa de fazer também. Esses sentimentos se originam de um elemento cultural que cresceu em nossa Civilização através do Cristianismo, a partir do Judaísmo. Costumamos chamar nossa Civilização de Judaico-Cristã Ocidental porque o elemento religioso é uma de suas determinantes fundamentais. Herdamos uma religião que supervaloriza o pecado e acredita em sua implacável punição vinda do julgamento de um Deus severo. O conceito de pecado, na maioria das outras religiões, é vago e encarado de forma leve.
- Por isso temos culpa por qualquer motivo?
- Filha, sentimento de culpa é uma coisa. Ter culpa é um conceito bem mais definido, relacionado com nossa responsabilidade social e legal sobre quem somos e o que fazemos.
- Filha, sentimento de culpa é uma coisa. Ter culpa é um conceito bem mais definido, relacionado com nossa responsabilidade social e legal sobre quem somos e o que fazemos.
- Entendo. E por causa do sentimento de culpa muitas vezes permitimos que outras pessoas façam ingerência em nosso viver.
- É verdade. Muitas pessoas gostam de nos dar palpites a respeito de nós, de nosso comportamento. Existem duas formas radicais de nos posicionarmos em relação às opiniões alheias sobre nós. Uma é descartá-las como pouco importantes; outra é se deixar oprimir por elas, segui-las e obedecer ao que os outros acham sobre o que somos ou sobre o que fazemos. Ambas alternativas pecam pelo extremismo. Podemos encontrar uma forma de nos relacionar com a visão que os outros têm de nós sem nos deixarmos reprimir e tampouco sem desprezarmos a contribuição que nos esteja sendo oferecida.
- Fazendo o que Rainha?
- A opinião alheia serve como uma referência que nos permite saber como estamos sendo percebidos, da mesma forma que um espelho nos ensina como é a imagem que as pessoas têm de nós. Quando ouvimos com atenção, com isenção e sem preconceitos o que as pessoas têm a dizer sobre nós, aprendemos coisas que ainda não sabemos e recebemos preciosas informações sobre como nos mostramos para o mundo. Comparar diversas opiniões nos ajuda a não ficarmos presos apenas a uma visão particular que pode estar destorcida, e nos permite chegar a ter um conjunto de observações que podem nos guiar em um processo de auto-aprimoramento.
- A opinião alheia serve como uma referência que nos permite saber como estamos sendo percebidos, da mesma forma que um espelho nos ensina como é a imagem que as pessoas têm de nós. Quando ouvimos com atenção, com isenção e sem preconceitos o que as pessoas têm a dizer sobre nós, aprendemos coisas que ainda não sabemos e recebemos preciosas informações sobre como nos mostramos para o mundo. Comparar diversas opiniões nos ajuda a não ficarmos presos apenas a uma visão particular que pode estar destorcida, e nos permite chegar a ter um conjunto de observações que podem nos guiar em um processo de auto-aprimoramento.
- Afastando o sofrimento originado pela nossa insegurança. Sim, porque por mais que eu saiba o que seria certo neste meu viver, continuo presa em convenções que me trazem sofrimento pelo sentimento de culpa.
- Precisamos ser capazes de conviver com o sofrimento e com todas as dificuldades de nossa vida sem perder o rumo da felicidade. Ser feliz é conseqüência da possibilidade de se superar os padecimentos e os fracassos e manter o Coração intacto. A felicidade depende de nossa capacidade de suportar o infortúnio e manter a fé na vida e na natureza, sem nos deixarmos abalar por dificuldades pessoais.
Walkyria Garcia
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