- Que carinha de choro Princesinha – diz a Rainha Menina. O que aconteceu?
- Ah! Minha Rainha, você sabe que eu mesma pinto meus cabelos para fazer economia. Aconteceu de ao passar pelo salão de cabeleireiro, me dei conta que não havia comprado a tinta. Sem pensar entrei e me entreguei ao ritual das mãos da profissional.
- Sim menina, e realmente ficou muito bom.
- Sabe Rainha, fiquei até assustada com a sensação de prazer que senti. Alguém fazendo algo para mim! Há muito tempo não me permitia gastar comigo mesma.
- Bem Princesa, até agora nada que justifique esta carinha de choro.
- Sim, mas ainda não contei o que veio a seguir. Chegue em casa toda feliz e encontrei o Príncipe que estava a minha espera e disse : “-Que demora. Onde você estava?” Pintando os cabelos, respondi. Ao que ele retrucou: “Estava jogando dinheiro fora?”
- Entendi. E por causa disso você está chorando?
- Não acha o bastante?
- Acho que não deve perder a oportunidade de refletir. Não é fácil entendermos que o outro fala, age de um ponto de vista que não o nosso, portanto não adianta esperar que ele veja o que está vendo, que sinta o que está sentindo, que valorize o que você valoriza. Por mais que dividam coisas, ele tem o próprio tempo e espaço, suas oscilações de humor, suas inquietações, seu universo particular, enfim.
- Acha que ele tem razão em me magoar assim?
- Não querida. Não tem. É evidente que as coincidências garantem momentos bem agradáveis na relação: rir das mesmas coisas, dividir o mesmo prato, perceber as mesmas sutilezas de um filme, por exemplo. Reconheça, no entanto, que as diferenças são da mesma forma construtivas, pois nos dão possibilidade de aprender com o outro; discutir, negar, ou aceitar outras formas de pensar e agir. E por fim criança, tenha sempre em mente que cada um de nós deve se responsabilizar pelo próprio prazer.
Walkyria Garcia
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