O e-mail veio em resposta ao pedido da Princesa:
- Infelizmente não será possível conceder-lhe a expectativa de passarmos o resto de nosso tempo de vida juntos, pois já tomei a decisão de permanecer atado aos compromissos anteriores.
A Princesa não titubeia na réplica:
- Entendo. Desculpe-me por ter desconsiderado esta hipótese, pensando em todas as promessas e planos que fizemos.
- Entendo. Desculpe-me por ter desconsiderado esta hipótese, pensando em todas as promessas e planos que fizemos.
- O que acha deste diálogo Rainha? – questiona a Princesa.
- Perfeito. A Princesa não só acatou a decisão do Príncipe, como ainda se desculpa pelo absurdo da sua solicitação. Poderíamos parar aí, este diálogo não fossem as farpas da ironia.
- Como assim minha Rainha?
- Menina, a sua indignação neste caso é imediata e não se contém. Entre a necessidade de esvaziar-se e o fato de estar presa às perdas a que levariam as atitudes drásticas que com freqüência nos ocorrem neste tipo de situação, a ironia se materializa como única opção. É a forma encontrada para dar voz ao que pensa, sem dizer o que pensa; portanto, não se comprometendo.
- Verdade. E não acha certo o uso da ironia?
- A ironia serve bem à literatura ou à brincadeira entre pessoas que partilham este tipo de jogo, mas de outro modo pode ser faca de dois gumes. Mesmo que cause o resultado desejado, e até por isso, provoca no outro a insatisfação pelo contato que ele não desejava fazer com as evidências, obrigando-o, muitas vezes, a rever sua atitude e contrariar seus interesses. Ele se percebe exposto à crítica e ridicularizado. É como se fosse flagrado num ato escuso. Ninguém gosta. Por outro lado, passada a urgência da indignação, aquele que ironizou pode não estar tão certo de que esta foi a melhor conduta, pois também sabe que ridicularizou o outro e terá que conviver com o mal-estar que isto provoca em cada um deles e entre eles. Certamente não valerá a pena. Pense antes de falar não esquecendo que o silêncio é ouro.
Walkyria Garcia
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