- Mas que coisa Príncipe Criança! – diz a Princesa. O frio está intenso e você está aqui no Reino Encantado, onde a temperatura está amena pretende se deslocar para as montanhas e enfrentá-lo?
- Ele gosta de aventuras menina querida, diz a Rainha. Sente-se feliz em superar desafios. Esse menino leva sua liberdade às últimas conseqüências assumindo o risco de viver além das convenções.
- E se coloca sempre em risco, seja no mar navegando solitariamente em longas travessias, seja na montanha escalando estes picos tão altos – diz a Princesa.
- E é menos arriscado as aventuras que permeiam teu viver Princesa? – questiona o Príncipe Criança.
- Aventuras? Não sei do que fala. – responde a Princesa.
- Você ir ao banco por exemplo. Enfrentar filas já é uma aventura. E enquanto lá está, ou mesmo ao sair de lá, corre o risco de estar sendo espreitada por um assaltante que poderá abordá-la. E quando você chega em casa à noite, depois da aventura que foi a festa, concorre com o risco de ser assaltada.
- Mas não estou indo ao encontro do perigo deliberadamente escalando uma montanha.
- Não, mas está saindo da segurança do teu lar, arriscando-se de ser atropelada ao atravessar uma avenida, sujeita ainda a ter que atravessar uma enchente sem ser engolida pelas águas. E se qualquer um dos riscos se consumar, terá que enfrentar a aventura de encontrar um hospital com leito disponível para atende-la.
- Ah, ainda que descreva as possibilidades, estas são derivadas do descaso político, são contingências sociais.
- Basicamente você descreveu a diferença entre a minha aventura e as tuas Princesa : a quem culpar. Eu, ao ir ao encontro de minhas aventuras, calculo o risco e me preparo para que ele seja minimizado. E se o pior acontecer, serei eu o único culpado. Ao contrário, nas tuas aventuras, o culpado será sempre o outro.
- Fala isso como se eu estivesse errada!
- E não está? O que você tem feito para ajudar tantas crianças desamparadas, vitimas desta sociedade, que se tornarão no amanhã teus próprios algozes? O que você tem feito para amparar o pai ou a mãe de família que não encontra trabalho para auferir recursos e sustentar seus filhos? O que você tem feito pelos velhos, que depois de uma vida de trabalho árduo sendo sangrado em seu salário, não tem como contrapartida o suficiente para comprar remédios que lhe permitiriam um viver sem dor? Não falo em dar esmolas. Não falo e dar uma passadinha rápida e doar um agasalho ou uma cesta básica em um asilo. Falo de ação efetiva. O que você tem feito?
- E o que eu posso fazer? Pode me dizer por onde começar?
- Comece assumindo tuas responsabilidades. Tua culpa em não ter sabido escolher àqueles que irão representá-la no governo. Cada um tem o poder de escolher o topo à que quer chegar. Neste momento, o meu é escalar a montanha, superando os desafios e assumindo os riscos, pois ao lá chegar me sentirei vencedor e um pouco mais perto do Pai.
Walkyria Garcia
31/07/2009
- Ele gosta de aventuras menina querida, diz a Rainha. Sente-se feliz em superar desafios. Esse menino leva sua liberdade às últimas conseqüências assumindo o risco de viver além das convenções.
- E se coloca sempre em risco, seja no mar navegando solitariamente em longas travessias, seja na montanha escalando estes picos tão altos – diz a Princesa.
- E é menos arriscado as aventuras que permeiam teu viver Princesa? – questiona o Príncipe Criança.
- Aventuras? Não sei do que fala. – responde a Princesa.
- Você ir ao banco por exemplo. Enfrentar filas já é uma aventura. E enquanto lá está, ou mesmo ao sair de lá, corre o risco de estar sendo espreitada por um assaltante que poderá abordá-la. E quando você chega em casa à noite, depois da aventura que foi a festa, concorre com o risco de ser assaltada.
- Mas não estou indo ao encontro do perigo deliberadamente escalando uma montanha.
- Não, mas está saindo da segurança do teu lar, arriscando-se de ser atropelada ao atravessar uma avenida, sujeita ainda a ter que atravessar uma enchente sem ser engolida pelas águas. E se qualquer um dos riscos se consumar, terá que enfrentar a aventura de encontrar um hospital com leito disponível para atende-la.
- Ah, ainda que descreva as possibilidades, estas são derivadas do descaso político, são contingências sociais.
- Basicamente você descreveu a diferença entre a minha aventura e as tuas Princesa : a quem culpar. Eu, ao ir ao encontro de minhas aventuras, calculo o risco e me preparo para que ele seja minimizado. E se o pior acontecer, serei eu o único culpado. Ao contrário, nas tuas aventuras, o culpado será sempre o outro.
- Fala isso como se eu estivesse errada!
- E não está? O que você tem feito para ajudar tantas crianças desamparadas, vitimas desta sociedade, que se tornarão no amanhã teus próprios algozes? O que você tem feito para amparar o pai ou a mãe de família que não encontra trabalho para auferir recursos e sustentar seus filhos? O que você tem feito pelos velhos, que depois de uma vida de trabalho árduo sendo sangrado em seu salário, não tem como contrapartida o suficiente para comprar remédios que lhe permitiriam um viver sem dor? Não falo em dar esmolas. Não falo e dar uma passadinha rápida e doar um agasalho ou uma cesta básica em um asilo. Falo de ação efetiva. O que você tem feito?
- E o que eu posso fazer? Pode me dizer por onde começar?
- Comece assumindo tuas responsabilidades. Tua culpa em não ter sabido escolher àqueles que irão representá-la no governo. Cada um tem o poder de escolher o topo à que quer chegar. Neste momento, o meu é escalar a montanha, superando os desafios e assumindo os riscos, pois ao lá chegar me sentirei vencedor e um pouco mais perto do Pai.
Walkyria Garcia
31/07/2009
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