sábado, 24 de abril de 2010

**LINDO DIA 17/04/2010... é o que te desejo, a minha maneira


O nome dela é Anita. Imigrante vinda da Itália, cabelos loiros longos e fartos. Olhos azuis...ah, os olhos de Anita, de um azul cor do céu em manhãs de verão.

Anita teve cinco filhos, um para cada dedo de uma das mãos dizia ela. A outra mão não podia ser usada para contar filhos, pois seria necessária para acariciar a cada um deles.

Cinco filhos, cinco histórias diferentes. Cada um deles seguiu uma estrada. Cada um deles tinham aprendido lições, assimilado dores e alegrias de maneira diversas, mesmo saindo do mesmo ventre e tendo a mesma mão a acariciar.

Anita fazia tudo o que podia para mante-los unidos em suas diferenças. Eram irmãos dizia. Deviam partilhar. E para isso se propôs a ser o elo, da maneira simples que podia, mas impregnada de amor que lhe era inato.

Semanalmente Anita percorria a casa dos cinco filhos levando primeiramente à filha mais velha um pouco de si em forma de alimento que ela mesma preparava. E da casa dessa filha saia com a sacola recheada de quitutes indo para a casa de outro filho, não sem antes perguntar:

- Para quem você preparou este prato minha filha? Ao receber a resposta, lá ia Anita para a casa daquele filho...depois do outro...o penúltimo,e ao final o quinto filho. Já era entardecer, quando retornava para sua própria casa.

Com idade avançada, as mãos tortas pela artrite que doíam muito ao carregar as sacolas, lá vinha e ia Anita com um sorriso nos lábios cumprir seu ato de amor, como dizia. Um pouco de si de cada um dos seus para o outro. Não estavam mais sentados à mesma mesa, mas estavam juntos na energia do amor.

Muitas vezes eu ia esperar Anita chegar em sua casa, pois sabia que ela estaria cansada de sua peregrinação, com dores em suas mãos atacadas pela doença, necessitando de quem dela cuidasse um pouquinho. E como era bom poder servi-la, ouvir seu riso alegre ao me dizer:

- Doe sempre amor minha neta, que por mais que teu corpo seja castigado pelo tempo, ao se olhar no espelho irá ver apenas o brilho intenso do céu das manhãs de verão em teus olhos.

Walkyria Garcia

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