E foi naquela tarde de quarta feira que fui levada até o consultório do doutor Fernando, renomado médico endocrinologista. Só a especialidade do doutor já me dava engulhos. Sabe você, aquele especialista especializado em "não pode?" Deve ser fácil esta especialidade: não pode nada. E fim de papo!
- Boa tarde, diz gentilmente o doutor. Como vai?
- Não vou, fico! Respondi com a delicadeza que me é peculiar quando sei que irão judiar de mim.
- Não perguntei onde a senhora vai, perguntei como o senhora vai.
- Vou de carro.
- Falando sério, disse o paciente médico, a senhora está legal?
- Claro que estou legal. Se estivesse ilegal já estaria presa – respondi no tom azedo.
- A senhora está agressiva. O que é que há?
- Para falar a verdade, estou depressiva pois estou passando fome com o regime que o senhor determinou.
- Ah, então é isso. Já pensou em ver um outro médico que não eu?
- Eu vejo todos os dias.
- Como assim?
- Meu filho é médico, e o vejo todos os dias no jantar.
- E o que ele aconselha que faça?
- Ele não aconselha nada.
- Porquê?
- Por que é radiologista.
- Entendo.
- Na verdade os médicos não sabem nada. Cada um diz uma coisa.
- Mas a senhora já procurou um deles para tratar de sua depressão?
- Já. Vários.
- E ai?
- O primeiro mandou eu tomar um anti- depressivo.
- E?
- A fome passou e eu fiquei com o estomago queimando.
- Então?
- O segundo me deu um remédio para o estômago. A azia passou, mas fiquei com a pior coceira por todo o corpo.
- Que azar!
- Ai fui em outro medico que me receitou antialérgico.
- Está certo.
- Certo nada. Fiquei com tanta sonolência que perdi o último capitulo da novela. Fui então a outro médico que me receitou um estimulante.
- A sonolência passou?
- Passar passou. Mais eis que voltou uma bruta fome. Vim aqui atrás de clemência:
- Me libera para comer uma picanha?
Walkyria Garcia
- Boa tarde, diz gentilmente o doutor. Como vai?
- Não vou, fico! Respondi com a delicadeza que me é peculiar quando sei que irão judiar de mim.
- Não perguntei onde a senhora vai, perguntei como o senhora vai.
- Vou de carro.
- Falando sério, disse o paciente médico, a senhora está legal?
- Claro que estou legal. Se estivesse ilegal já estaria presa – respondi no tom azedo.
- A senhora está agressiva. O que é que há?
- Para falar a verdade, estou depressiva pois estou passando fome com o regime que o senhor determinou.
- Ah, então é isso. Já pensou em ver um outro médico que não eu?
- Eu vejo todos os dias.
- Como assim?
- Meu filho é médico, e o vejo todos os dias no jantar.
- E o que ele aconselha que faça?
- Ele não aconselha nada.
- Porquê?
- Por que é radiologista.
- Entendo.
- Na verdade os médicos não sabem nada. Cada um diz uma coisa.
- Mas a senhora já procurou um deles para tratar de sua depressão?
- Já. Vários.
- E ai?
- O primeiro mandou eu tomar um anti- depressivo.
- E?
- A fome passou e eu fiquei com o estomago queimando.
- Então?
- O segundo me deu um remédio para o estômago. A azia passou, mas fiquei com a pior coceira por todo o corpo.
- Que azar!
- Ai fui em outro medico que me receitou antialérgico.
- Está certo.
- Certo nada. Fiquei com tanta sonolência que perdi o último capitulo da novela. Fui então a outro médico que me receitou um estimulante.
- A sonolência passou?
- Passar passou. Mais eis que voltou uma bruta fome. Vim aqui atrás de clemência:
- Me libera para comer uma picanha?
Walkyria Garcia
Nenhum comentário:
Postar um comentário