- Mãe - diz meu filho Cezar Augustus – alguma coisa está errada com esse povo.
- Do que está falando exatamente filho? Perguntei.
- Fui mergulhar lá no Estaleirinho e olha o papo que escutei. Neco o pescador. estava puxando a rede que trouxe várias tainhas. Um turista que está hospedado naquele hotel no canto da praia se aproximou dele e perguntou:
- Quanto tempo eleva para pescá-los?
- Pouco tempo, respondeu Neco.
- Porque então não permanece no mar mais tempo e realiza uma pesca mais abundante?
- Oh! moço, eu pesquei o bastante para cobrir as despesas com minha família.
- Mas o que você faz com o resto do seu tempo?
- Bom, eu levanto quando já descansei o bastante, pesco um pouco, brinco com meus filhos, tiro a sesta abraçadinho na minha mulher, e no final da tarde me reúno com os outros pescadores para beber um pouco, cantar e jogar conversa fora. Tenho uma vida muito ocupada senhor – completou Neco sorrindo.
O turista não se deu por achado e continuou:
- Eu sou um homem de negócios bem sucedido e posso te ajudar a melhorar de vida dando-te uns conselhos. Aceita?
- Claro moço, pode ir falando.
- Você deveria passar mais tempo pescando e, com o lucro, comprar um barco maior. Com a renda produzida pelo novo barco, poderia comprar vários outros. No fim, teria uma frota de barcos pesqueiros.
Em vez de vender pescado a um intermediário, venderia diretamente a uma indústria processadora e, no fim, poderia ter sua própria indústria.
Poderia controlar o produto, o processamento e a distribuição.
Precisaria deixar esta pequena aldeia costeira de pescadores e mudar-se para Florianópolis, e em seguida para São Paulo, de onde dirigiria sua empresa em expansão.
Em vez de vender pescado a um intermediário, venderia diretamente a uma indústria processadora e, no fim, poderia ter sua própria indústria.
Poderia controlar o produto, o processamento e a distribuição.
Precisaria deixar esta pequena aldeia costeira de pescadores e mudar-se para Florianópolis, e em seguida para São Paulo, de onde dirigiria sua empresa em expansão.
- Mas senhor, quanto tempo isso levaria? - perguntou o Neco.
- Quinze ou vinte anos - respondeu o turista.
- E depois, senhor?
O turista riu e disse que essa seria a melhor parte.
- Quando chegar a ocasião certa, você poderá abrir o capital de sua empresa ao público e ficar muito rico. Ganharia milhões.
- Milhões, senhor? E depois?
- Depois - explicou o turista - você se aposentaria. Poderia então se hospedar em uma pequena aldeia costeira, até mesmo nesta, o Estaleirinho. Dormiria até tarde, pescaria um pouco, brincaria com os netos, tiraria a sesta com a esposa, no final da tarde se reunir com os outros turistas para beber, cantar e jogar conversa fora...
- Ah sei... Então tá! – respondeu Neco.
- Eita papo cabeça né mãe – diz Cezar rindo...
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