PELO AMOR DE UMA MULHER
© Reginaldo Honório da Silva
O Poeta da Estrada
Que dirão os deuses da mitologia
Quando souberem que um dia
Eu amei mais que seus princípios
Suportaram permitir amar?
(Não arrastei nenhuma cruz – nem poderia –
Tanto amor assim sequer suponho imaginar)
Não incitei tsumanis invadirem praias
Raios incendiarem floretas
Tempestades inundarem cidades
Erupções vulcânicas queimarem a terra
Tampouco a morte por calor ou frio extremos
Mas pelo amor de uma mulher
Beirei a essência crua do ridículo
Passando fome, frio e sede
Bebendo das aguardentes a mais ardente
Escrevendo versos pelo avesso
Em cartas frívolas de vã esperança
Declamando poemas como um louco
Que dança na chuva para esconder o pranto
E num acalanto põe a ninar o coração
Veneno eu não ingeri qual Romeu
Disto-me da morte que se diga por amor
Não se morre de amor se amar realmente
Como qualquer deus da mitologia não sentiu
Nem seus príncipes de ciúme vingativo
Sonharam poder um dia amar
Ao inferno lego apenas um ai
Pois aí não levaria o amor da minha vida
Essa tragédia cabe aos deuses mitológicos
O paraíso – além de pouco – já tem dono
O amor da minha vida levaria ao céu
Onde seria o mais perfeito dos ridículos
Explodindo os arco-íris, as constelações e os cometas
Só para vê-la assistir da janela do mundo
Os mais lindos fogos de artifício.
Rio Claro, 27 de outubro de 2010, às 14h00min.
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