Neste meu Agora me dei conta que se não tomar uma atitude para modificar a situação, meu viver não terá as quatro estações:
Primavera = infância
Verão = juventude
Outono = maturidade
Inverno = velhice
Haverá apenas uma:
Estação das Perdas
Ao nascermos já estamos perdendo: perdemos o aconchego e proteção do útero materno. Se não choramos sozinhos reconhecendo esta perda, tome tapa na bunda...e choramos a perda.
É então que começa a dualidade. Perdas e ganhos.
Perdemos o aconchego do útero, mas ganhamos o abraço acolhedor do mundo.
Primavera do nosso viver : Infância
Temos as mãos que seguram nossa mão e nos ensinam os primeiros passos.
As mesmas mãos serão as que nos instigam a ter a coragem de andar de bicicleta sem rodinhas, dando-nos a segurança de que se cairmos elas nos irão amparar.
Perdemos a primeira estação quando começamos a questionar com os nossos porquês.
Viver a segunda estação, o verão da Juventude, é crescer...e perder.
Perdemos direitos como chorar e gritar quando nos é tirado algo contra nossa vontade. Perdemos o direito de dizer o que vai em nossa cabeça, tipo...credo...como você está gordo! Ou rir até chorar da ridícula cena do tombo que levou a menina que queria andar de salto mais alto que ela própria.
Perdemos, porque nos ensinaram e aprendemos que não devemos ser sinceros, expor nossos sentimentos verdadeiros pois iremos magoar.
Como então podemos ganhar? Nos sonhos.
Sonhamos o tempo todo. Sonhamos dormindo e sonhamos acordados.
E num repente nosso viver passa a ser na terceira estação, o outono da maturidade.
Despertamos dos sonhos para cair na real.
Amadurecemos e somos admirados por nossos feitos se neles estiverem ganhar um diploma, um relacionamento estável, um carro zerinho...Viva!! Somos finalmente racionais, aquilo de ser melhor do que os outros animais.
Tem seus ganhos sim, mas as perdas...ah as perdas.
Perdemos o direito de rir as gargalhadas ao soltar um pum sem querer, de tomar banho de chuva e chapinhar os pés nas poças d´água...entre outros.
Ganhamos outras situações: amigos, salário, títulos e se bobear ganhamos também a chave da cidade.
Nosso maior ganho porém está no Tempo que ganhamos enquanto vamos para a quarta estação.
O inverno da velhice!!
E é nessa que nos damos conta que ganhamos dores que em sua maioria se localizam nas costas ou nas pernas. E rugas. Ganhamos muitas delas. Não é raro, diria até comum, que nessa estação ganhemos peso para compensar a perda dos cabelos.
E a coisa fica realmente complicada se perdermos nossos sonhos, pois teremos perdido também a esperança.
Estou na minha última estação...
Socorrooo para o Tempo que quero descer!
Ainda dá tempo de corrigir a rota.
Vou crescer, sem envelhecer.
Se minhas pernas doem que eu tenha quem as massageie.
Que todas as rugas que meu corpo marquem sejam elas de boas lembranças.
Que eu seja racional sim, mas que eu tenha bom humor é indispensável.
Que eu tenha a ousadia de sonhar que aqueles a quem amo mais do que saberem-se amados se sintam realmente amados.
Assim terei tido a oportunidade de viver as quatro estações em plenitude, pois caí na real neste tempo que o Tempo que vale é aquele que minha energia permanece.
O outro tempo é maya.
Walkyria Garcia
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