- Pensando aqui Rainha Menina. Sempre dividi tudo com a Princesa Pequena, minha melhor amiga. Mas de um tempo para cá passei a sentir um certo constrangimento em contar para ela coisas boas de minha vida, pois tenho a impressão que isto a aborrece.
- Impressão ou certeza querida Menina?
- Não sei ao certo Rainha. Foram várias ocasiões nas quais pude perceber sua indisposição. Desta vez, pensei que ficaria feliz quando lhe contei que consegui o estágio que tanto queria. A resposta dela foi um seco “que bom”.
- Então querida, esta na hora de admitir que sua amiga não torce por você.
- Será mesmo Rainha Menina? Que coisa mais triste...
- Sabe filha, já havia percebido a muito tempo que a Princesa Pequena vive o tempo todo competindo. É evidente que confrontar-se com as conquistas alheias lhe seja muito difícil. O que lhe chega primeiro é a constatação de não possuir aquilo que o outro diz ter conseguido, e sofre com isso a ponto de, mesmo sem perceber, rejeitar a informação com um muxoxo, uma revirada de olhos, um “hum”, do outro lado da linha. Outras vezes muda rapidamente de assunto, ou, tomada pelo inesperado, reage com efusiva alegria.
- Ela é assim mesmo. Eu é que nunca dei importância a esta sua maneira de ser.
- É importante observarmos as conseqüências de se conviver com pessoas que competem o tempo todo. Primeiro a mágoa, ao percebermos que alguém de quem gostamos não acolhe nossas alegrias; depois a perda da espontaneidade, quando passamos a escolher o que dizer, enfatizando os aspectos desagradáveis da nossa vida, que, sabemos, serão bem recebidos e, ainda, o desconforto, como se não tivéssemos direito ao objeto conquistado.
- É importante observarmos as conseqüências de se conviver com pessoas que competem o tempo todo. Primeiro a mágoa, ao percebermos que alguém de quem gostamos não acolhe nossas alegrias; depois a perda da espontaneidade, quando passamos a escolher o que dizer, enfatizando os aspectos desagradáveis da nossa vida, que, sabemos, serão bem recebidos e, ainda, o desconforto, como se não tivéssemos direito ao objeto conquistado.
- Bom, de qualquer forma preciso encontrar um modo de me relacionar com ela.
- Sim filha. Quem mantém relações desse tipo precisa rever seu comportamento. Se é alvo da competição, deve se perguntar o quanto contribui para manter esse jogo, o quanto necessita ocupar essa posição. E se realmente sente afeto pela amiga que compete, não custa alertá-la sobre o mal que está fazendo a si mesma, pois enxergando na outra apenas uma concorrente, não só correrá o risco de afastá-la, como se sentirá constantemente ameaçada, perdendo a oportunidade de ser feliz com as próprias conquistas, sempre insuficientes.
Walkyria Garcia