"A BANDA"
R.L.
O jeito, no momento, é ver a banda passar, cantando coisas de amor, pois de amor andamos todos precisados, em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência, força, capacidade de entender, perdoar, ir para a frente. Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o errado, o triste, o mal, o absurdo e o mais que estamos vivendo ou presenciando.
A ordem é abrir a janela, escancará-la, é subir ao terraço como fez o velho que era fraco mas subiu assim mesmo, é correr à rua no rastro da meninada, e ver e ouvir a banda que passa.
A felicidade geral com que foi recebida a passagem dessa banda tão simples, tão brasileira e tão antiga na sua tradição, que um rapaz de pouco mais de vinte anos colocou na rua, alvoroçando novos e velhos, dá bem a idéia de como andávamos precisando de amor, pois essa banda não vem entoando marchas militares, dobrados de guerra, não convida a matar o inimigo, nem a festejar com uma pirâmide de discursos as conquistas da violência. Esta banda é de amor, prefere rasgar corações fazendo penetrar neles o fogo que arde sem se ver, o contentamento descontente, a dor que desatina sem doer, abrindo a ferida que dói e não se sente.
Se uma banda sozinha faz a cidade toda se enfeitar e provoca até o aparecimento da lua cheia no céu confuso e soturno, é porque existe uma beleza mágica, generosa e solidária nessa banda, há uma indicação clara para todos os que têm responsabilidade de mandar e os que são mandados, os que estão contando dinheiro e os que não o têm para contar, os espertos, os zangados, os vingadores, os ressentidos, os ambiciosos, a mocinha feia, o homem sério, o faroleiro... e todos aqueles que tiveram o privilégio de ver essa banda passar, e por uns momentos se sentiram melhores. E se o que era doce acabou, depois que a banda passou, que venha outra banda, e que nunca uma banda como essa deixe de musicalizar a alma da gente.
R.L.
O jeito, no momento, é ver a banda passar, cantando coisas de amor, pois de amor andamos todos precisados, em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência, força, capacidade de entender, perdoar, ir para a frente. Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o errado, o triste, o mal, o absurdo e o mais que estamos vivendo ou presenciando.
A ordem é abrir a janela, escancará-la, é subir ao terraço como fez o velho que era fraco mas subiu assim mesmo, é correr à rua no rastro da meninada, e ver e ouvir a banda que passa.
A felicidade geral com que foi recebida a passagem dessa banda tão simples, tão brasileira e tão antiga na sua tradição, que um rapaz de pouco mais de vinte anos colocou na rua, alvoroçando novos e velhos, dá bem a idéia de como andávamos precisando de amor, pois essa banda não vem entoando marchas militares, dobrados de guerra, não convida a matar o inimigo, nem a festejar com uma pirâmide de discursos as conquistas da violência. Esta banda é de amor, prefere rasgar corações fazendo penetrar neles o fogo que arde sem se ver, o contentamento descontente, a dor que desatina sem doer, abrindo a ferida que dói e não se sente.
Se uma banda sozinha faz a cidade toda se enfeitar e provoca até o aparecimento da lua cheia no céu confuso e soturno, é porque existe uma beleza mágica, generosa e solidária nessa banda, há uma indicação clara para todos os que têm responsabilidade de mandar e os que são mandados, os que estão contando dinheiro e os que não o têm para contar, os espertos, os zangados, os vingadores, os ressentidos, os ambiciosos, a mocinha feia, o homem sério, o faroleiro... e todos aqueles que tiveram o privilégio de ver essa banda passar, e por uns momentos se sentiram melhores. E se o que era doce acabou, depois que a banda passou, que venha outra banda, e que nunca uma banda como essa deixe de musicalizar a alma da gente.
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