segunda-feira, 20 de julho de 2009


Fantasia era o nome pelo qual atendia o chamado, esse animal que era o preferido da Rainha Menina.

Certo dia, pediu a Rainha que viesse à sua presença um lindo e garboso Príncipe. Quando este se apresentou, entregou-lhe uma pequena sacolinha de couro, pedindo que fosse até as terras do Reino do Sul ao encontro do Rei Menino, e para ele entregasse esse tesouro.

- Vá ao encontro do Rei Menino, entregue à ele esta sacolinha que contém um verdadeiro tesouro em diamantes lapidados. Leve junto também esta carta para o Rei, e aguarde resposta. Já mandei selar minha égua Fantasia, a mais forte e rápida do Reino, para que possa realizar com presteza a missão que lhe confio - disse Rainha Menina.

- Fique tranqüila minha Rainha. Defenderei com minha vida o tesouro que me confia. Logo estarei de volta com notícias do Rei Menino.

- Atente ao que vou lhe dizer meu rapaz : Cuide do que é mais importante e cumprirá a missão.

E lá se foi o príncipe, não sem antes colocar na segurança de sua algibeira a sacolinha de diamantes e a carta para Rei Menino.

Querendo demonstrar que era cumpridor de suas obrigações viajou o príncipe dia e noite, exigindo da égua Fantasia todo o esforço, sem ao menos cuidar de dar-lhe água e comida quando parou na estalagem para alimentar a si próprio. O dono da estalagem, ao ver o estado de cansaço de Fantasia, perguntou ao príncipe:

- Gostaria que cuidássemos do cavalo?

- Não! respondeu, não tenho tempo para perder com animais!

- Mas a égua está muito cansada, faminta e debilitada. Poderá morrer.

- Se tiver que morrer que morra. Tenho dinheiro suficiente para comprar muitas iguais a esta.

E lá se foi novamente para a estrada, castigando com o chicote quando Fantasia diminuía o trote. Até que, não suportando mais o maltrato, a linda égua caiu, e prostrada morreu.

O príncipe a abandonou no meio da estrada e saiu caminhando procurando uma fazenda onde pudesse adquirir outra montaria. Acontece que não havia nenhuma fazenda pelas redondezas. Anoiteceu, cansado e faminto, preocupou-se o príncipe em colocar os diamantes escondidos na sola de seu sapato, e estirando-se na relva adormeceu.

Pela manhã foi despertado por uma caravana que passava. Estava febril, debilitado, sem forças para continuar. Pediu então que o levassem até o Reino onde estava Rei Menino, pois para lá a caravana se dirigia.

Ao chegar, foi imediatamente se apresentar ao Rei, entregando à ele os diamantes que a Rainha havia mandado. Rei Menino pegou a sacolinha, agradeceu e dispensou-o com ar de tristeza.

Não entendendo o procedimento do Rei, afastou-se o príncipe a procura de comida e um bom banho, pois precisava recuperar as forças. Ao se despir encontrou a carta endereçada ao Rei Menino. Pensou em ir levá-la imediatamente, mas ante a recepção que havia tido e muito curioso resolveu abrir a carta e ler. Estava escrito:

- Amor meu, este é o Príncipe que está pleiteando a mão de nossa Princesa em casamento. Pedi à ele que levasse até você os diamantes, e cedi a ele a minha égua Fantasia, com a recomendação de que cuidasse do que era mais importante, conforme já havíamos combinado. Se ele chegou e Fantasia está bem, ele é alguém que entende que um Ser é mais importante do que o Ter. Mas se cuidou apenas dos diamantes, não é a pessoa certa para casar com a Princesa, pois certamente não será um bom Rei.

E foi então que o príncipe entendeu...mas já era tarde demais. Fantasia estava morta.


Walkyria Garcia

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