“OS PAGALÉNS”
© Reginaldo Honório da Silva
O Poeta da Estrada
Peguei um fio de barbante comprido
Pus uma lata de maça de tomate
Em cada extremidade
E telefonei para o meu amor
Eu só queria ouvir sua voz
Mas meu chamado não era atendido
Então escrevi uma cartinha a lápis
E usando frases feitas
Confessei todo o meu amor
Mas o carteiro meu amigo
Trouxe de volta a cartinha
Rasgada e amassada
Dizendo zombando de mim
Que ela sequer tinha lido
Entristecido de dar dó
Na noite sem lua e sem estrela
Acendi uma fogueira
Tomei um tição nas mãos
Com cuidado para não me queimar
E chamei os “pagaléns”: *
“Pagalém tem-tem
Seu pai taqui sua mãe tamém”
Com os pagaléns a alumiar
A inocente esperança
Disparei pela colônia
Atravessei o terreiro
E me ajoelhei aos seus pés
Ela zombou de mim e entrou
E passou a tramela na porta
E Nunca mais a vi
Nos mudamos para a cidade.
Na manhã do dia seguinte.
Rio Claro, 11 de abril de 2011, às 22h45min.
(*) vaga-lume.
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